Foto: Marina Torres/DP Foto
Nesta segunda-feira (2), um ato em frente ao prédio de luxo Edifício Pier Maurício de Nassau, uma das conhecidas “Torres Gêmeas” do Centro do Recife, marcou os 5 anos da morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva morreu após cair do 9º andar do prédio. O ato também foi realizado pra pedir justiça pelo caso.
O ato foi organizado por coletivos e movimentos sociais, sob coordenação da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe). A concentração, liderada por Mirtes, foi na frente das Torres Gêmeas. A caminhada saiu em direção ao Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), onde o caso se arrasta.
No local, Mirtes falou aos participantes do ato e contou que, para além de marcar a data da morte do menino, o protesto é um pedido de celeridade ao TJPE.
“É um dia muito triste porque (estou) há 5 anos sem meu filho. Hoje eu estou aqui no local em que ocorreu o crime, o local onde a criminosa mora, para marcar essa data. Os cinco anos sem Miguel, os cinco anos da partida dele e cinco anos sem justiça. A mulher que cometeu um crime contra meu filho está aí em cima vivendo a vida dela como se ela tivesse acontecido”, comentou Mirtes, se referindo a Sari Corte Real, condenada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco pela morte de Miguel.
“Hoje a gente tá aqui não só para marcar os 5 anos da passagem de Miguel, mas também cobrar do Tribunal celeridade com relação ao caso dele. Mais de 1 ano da sentença que acabou reduzindo a pena dela. Por conta de diversas intercorrências o processo passou um bom tempo parado, sem andamento nenhum”, disse. Mirtes cobrou a prisão de Sarí, que foi condenada, em 2022, a oito anos e seis meses de prisão, por ter deixado Miguel sozinho no elevador. Em novembro de 2023, a pena foi reduzida para sete anos, após ela ter recorrido da decisão. Ela continua em liberdade, após recorrer novamente na Justiça.
“Estou aqui para fazer essa cobrança junto com movimentos, organizações que estão aqui junto comigo e a gente vai até o final, até que a (Sarí) Corte Real seja presa, porque não basta condenação. Tem que haver a prisão dela também. Porque para ela toda essa morosidade do judiciário está muito confortável”, declarou. Para Mirtes, a demora dos processos do caso está diretamente ligada ao fato de Miguel era uma criança negra e sem grandes condições monetárias, além do enfrentamento de uma família influente no Estado.
ENTENDA O CASO
Miguel tinha 5 anos e estava sob os cuidados da patroa da mãe dele, Sari Corte Real, ex-primeira-dama de Tamandaré, cidade no Litoral Sul de Pernambuco. A mãe do garoto, Mirtes Renata Santana, era empregada doméstica e estava passeando com a cachorra do local enquanto a empregadora tomava conta do menino.
Em 2022, Sari Corte Real foi condenada a oito anos e seis meses de prisão por deixar o garoto sozinho no elevador e apertar o botão da cobertura. No ano seguinte, a pena foi reduzida para sete anos.