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O preço do café segue em alta nas prateleiras dos supermercados. Segundo números do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o grão do café torrado e moído saltou 98,4% em um ano e meio. Os números correspondem à variação acumulada desde janeiro do ano passado, período marcado por 17 altas consecutivas. Somente em maio, o aumento dos preços nas gôndolas foi de 4,6%.
Inflação refletiu na redução do consumo. Diante da alta dos preços, as compras de café caíram 16% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Nos primeiros quatro meses deste ano, a retração alcançou 5%.
Oferta menor do grão deu origem à alta dos preços. Segundo a diretora-executiva da OIC (Organização Internacional do Café), Vanusia Nogueira, o preço elevado do grão em 2025 é sustentado por uma “tempestade perfeita”. Entre os problemas citados aparecem as mudanças no clima das principais regiões produtoras e as incertezas no cenário geopolítico, que contribuem para a variação de preços em diversos países.
A perspectiva de uma queda consistente de preços do café permanece incerta. De acordo com Nogueira, “correções pontuais são possíveis nos próximos meses, mas um retorno aos níveis historicamente normais pode não acontecer antes de 2026 — se acontecer”.
As expectativas de redução dos preços estão ligadas aos resultados das próximas safras. Os focos para a redução dos preços envolvem, principalmente, as colheitas no Brasil e no Vietnã, os dois maiores produtores de café do mundo. “Se o clima colaborar e as condições logísticas continuarem melhorando, podemos ver uma redução gradual”, diz Nogueira.
Alívio no bolso pode começar a ser sentido já no segundo semestre. Se as floradas de setembro e outubro forem favoráveis e as colheitas de 2026 se confirmarem boas, o mercado pode ver um alívio temporário nos preços. Ainda assim, a diretora da OIC avalia que a queda pode ser apenas parcial, já que os custos estruturais devem permanecer elevados.
A pergunta “quando o café vai voltar ao preço normal?” talvez esteja mal formulada. Para especialistas e produtores, o que estamos vendo é uma nova realidade de toda a cadeia de produção.
Fonte: UOL